O que você precisa para criar um ambiente aberto a diversidade na empresa?
Você sabia que apenas 21% das empresas afirmam ter uma diversidade étnico-racial elevada, segundo o estudo Diversity Matters, da consultoria McKinsey? E que só 3,9% dos negócios do país foram fundados por pessoas homossexuais? Ou, então, que somente 3,3% das organizações têm mais de um talento transgênero na equipe?
Esses números parecem assustadores, mas refletem uma realidade inegável no Brasil: é preciso falar sobre diversidade e inclusão nas empresas. Ainda que 76% delas acreditem que já priorizam o tema no dia a dia e que 33% encararam o assunto como uma barreira para o avanço, os dados acima trazem a realidade. Então, por onde começar?
O tema foi tema de um dos paineis do nosso último RH Master Skills com Hóttmar Loch, especialista de Diversidade e Inclusão nas NohsSomos e expert do nosso curso “Desmistificando a Diversidade e Inclusão”.
Entenda mais a seguir!
As bolhas corporativas e a diversidade e inclusão na empresa
Olhe em volta: quão diverso é o seu convívio? Considerando que as pessoas de cor preta são a maioria na sociedade brasileira, será que sua empresa tem a maior parte dos funcionários representados? Quantas pessoas com deficiência estão no escritório? Dessas, quantas ocupam cargos de liderança?
Não é difícil entender onde queremos chegar. As discussões sobre diversidade e inclusão buscam furar, na medida do possível e praticável, as bolhas corporativas e levar equidade aos espaços.
Para isso, entende-se que as organizações deveriam ser amostras da realidade brasileira — empregando negros, pessoas transsexuais, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e demais grupos que são parte da nossa população, na mesma proporção.
"É o perfil de 90% dos colaboradores empresariais. São homens, brancos, heterossexuais, na faixa de 45 anos. Dizer isso não significa vilanizar essas pessoas. Mas sim questionar o reflexo dessa presença corporativa em um país em que esse perfil corresponde a apenas 18% dos brasileiros”, pontua Hóttmar.
Hóttmar também contou, ao longo do webinar, o papel da temática no questionamento das melhores formas de diversificar e incluir. Será que realizar eventos anuais de conscientização é suficiente? Contratar 1 funcionário que desvie do padrão majoritário nas companhias torna um negócio verdadeiramente inclusivo?
São essas e outras discussões que permitem que a empresa realmente avance rumo à diversidade. Mas como começar?
Como ser um agente dessa transformação na empresa?
A gestão de pessoas da grande maioria dos negócios tende a ser realizada pelo time de Recursos Humanos. Por isso, é fundamental que esses profissionais tomem a frente na hora de desenvolver, implementar e fomentar a cultura de diversidade e inclusão da organização.
Em uma sociedade tomada por padrões difíceis de quebrar, é fácil imaginar que essa proposta é impossível de se tornar realidade. Afinal, conforme mostrado em dados, muitas empresas ainda são resistentes.
Porém, como tudo na vida, o segredo, segundo Hóttmar, está em captar e disseminar conhecimento. Com o saber certo em mãos, é possível fazer acontecer essa mudança de mindset em todas as áreas da empresa.
De forma resumida: o RH pode e deve criar iniciativas práticas e objetivas que estimulem os ideais de diversidade e inclusão no negócio. Contudo, precisam ser orientados em relação a como fazer isso.
O que é preciso desenvolver?
Ao comunicar os times sobre a relevância do assunto, é necessário usar a comunicação certa.
É importante falar de forma que todos entendam e empatizem com a situação, gerando um ideal de conexão e identificação com as causas. Isso exige a elaboração de algumas habilidades interpessoais por parte da equipe, como:
inteligência emocional, para lidar com oposições — muitas vezes gerada por desconhecimento — da forma certa;
comunicação assertiva e oratória, para expressar as ideias claramente;
comunicação não violenta, para entender as necessidades do outro e responder a elas;
liderança, para inspirar a equipe, entre outros.
O fato é que o RH deve desenvolver o máximo de soft skills quanto possível. São elas que permitirão a criação de um discurso fácil de entender, de explicar, de disseminar e de manter na empresa.
Com o tempo, ele passará a ser parte da cultura do negócio, que caminhará cada vez mais rumo à equidade, à representatividade, à diversidade e inclusão.
Diversidade e inclusão são parte da estratégia do negócio!
Com as soft skills necessárias em mãos, o segundo passo é entender que o tema vai além de modismo. Ele é estratégico!
Vamos a um exemplo prático trazido por Hóttmar no webinar. Se a sociedade brasileira é diversa em termos raciais, de orientação sexual, em autodeclaração de gênero e em número de pessoas com deficiência, será que um produto formulado por pessoas brancas, heterossexuais, cisgênero e sem deficiência terá o resultado ideal? É provável que não, certo?
Quanto mais diversa uma empresa é, melhor — e mais adequado à realidade — é o resultado que ela entrega ao consumidor final. Isso se reflete em uma receita maior, em mais satisfação por parte do cliente, em fidelização e em melhores resultados.
Hóttmar também traz o exemplo do CEO da Sodexo. Ele disse, publicamente, que as empresas que não olham para a diversidade e a inclusão estão em desvantagem. Só o fato de uma matéria desse tipo ser exposta para milhares de usuários do meio digital já fala sobre como o tema não é uma tendência passageira, certo?
Na realidade, é o futuro, que já está sendo colocado em prática por empresas com mindset de liderança e estratégia. E que, portanto, estão saindo na frente da concorrência.
E como a transformação digital se relaciona com o assunto?
Estamos falando sobre o futuro. Então, não é inesperado que alguém pergunte: “mas o futuro não é digital”? Sim! E o tema da diversidade e inclusão tem tudo a ver com isso. Por quê?
Bem, o consumidor da atualidade está cada vez mais conectado. Isso significa que ele acessa, em tempo real, grande parte das ações e estratégias das empresas que segue. Nesse sentido, você já ouviu falar da ideia de “Walk The Talk”? O termo quer dizer “seguir em ações e atitudes o que se diz”.
Segundo Hóttmar: “algumas marcas falam sobre o assunto, fazem propagandas, usam de diferentes formatos para “se apropriar” das causas sociais — buscando, muitas vezes, o dinheiro desse público — sem terem, de fato, um propósito de ajudá-las”.
Quando uma companhia prega diversidade e inclusão, mas não segue os próprios ideais, os consumidores assistem de camarote. Eles são diversos. Portanto, exigem cada vez mais serem representados por parte das organizações. É só observar a polêmica da XP, recentemente!
Sendo assim, o grande recado da diversidade e inclusão é: é preciso ir além do uso das mídias digitais como propagação de ideias que agradam ao consumidor final. É necessário agir! Além de caminhar rumo à justiça social — em que todos os espaços são amostras da realidade do país — as empresas que investem no tema ainda sairão na frente, estrategicamente. É fundamental começar o mais rápido possível!
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