Como criar a cultura do lifelong learning na empresa?

O que afinal é o lifelong learning e como criar uma cultura de aprendizagem contínua na empresa?
Dando um spoiler, podemos dizer que ser um eterno aprendiz é o tema central deste nosso artigo.

Descubra a seguir. Vamos nessa?

O que é o lifelong learning?

Em uma tradução livre, significa aprendizado ao longo da vida. O termo surgiu lá por volta da década de 70, de uma demanda global da Unesco em dar uma resposta sobre a longevidade frente às mudanças no mercado de trabalho.

Diz respeito ao aprendizado contínuo, flexível e diverso que acontece em diferentes momentos, lugares e situações ao longo de nossa vida.

É sobre a nossa capacidade de aprender, desaprender e reaprender, de forma ágil e adaptável.

Somos aprendizes por natureza

Basta fazer uma pausa e pensar sobre qual foi a última coisa que você aprendeu recentemente para descobrir que a aprendizagem faz parte da nossa vida. Somos aprendizes naturais. Temos um impulso natural de explorar e de aprender.

E nossa evolução como sociedade só foi possível porque fomos capazes de aprender e nos adaptar. Aprendemos de forma intencional ou não, formal ou informal, de forma individual ou coletiva, nas mais diversas situações que vivemos no dia a dia.

Acontece na escola, em casa, no trabalho, fazendo um hobby, lendo, assistindo a um vídeo, participando de um trabalho voluntário, fazendo, tentando e errando, praticando um esporte, nas nossas conversas e interações e por aí vai.

A maior parte do que aprendemos acontece de forma autônoma e autodirigida. Não se limita a buscar conhecimentos técnicos ou de competências mais rebuscadas focados no desenvolvimento profissional. É também relacionado a buscar aprendizagem para nosso desenvolvimento pessoal.

 

Porque o lifelong learning faz a gente rever conceitos?

O lifelong learning faz repensar e desapegar de algumas crenças que fomos construindo ao longo do tempo:

A primeira delas é que o aprendizado não se limita à escola e vai muito além da educação formal.

A segunda é que foi-se o tempo em que ter um diploma em um curso técnico ou em uma universidade era garantia de uma boa colocação no mercado de trabalho. Muito menos a certeza de trilhar uma carreira sólida até chegar a tão esperada aposentadoria...

A terceira é que precisamos abandonar aquela ideia de se formar, trabalhar e se aposentar. O profissional, que antes passava anos em um única área ou função, agora precisa estar pronto para experimentar novas atividades, funções e até mesmo múltiplas profissões para uma aposentadoria cada vez mais tardia.

A quarta é que precisamos parar de achar que aprender é coisa só de crianças e jovens. O lifelong learning parte do pressuposto de que qualquer pessoa tem potencial e capacidade de aprender em qualquer momento da sua vida.

A verdade é que o aprendizado não tem data para acabar, muito menos uma linha de chegada. Concluir um curso ou conseguir um diploma não é mais sinônimo de que sua jornada de aprendizagem se encerrou.

 

Como você está aprendendo?

A medida que o trabalho se torna cada vez mais diversificado, digital e complexo, a vida útil das habilidades se reduz a cada ano. O conhecimento se torna obsoleto rapidamente.

Continuar aprendendo, então, não é mais opção, mais sim uma necessidade para manter a nossa empregabilidade e relevância profissional.
Junto a tudo isso, tem ainda o aumento colossal no volume de informações que acessamos diariamente.

O acesso cada vez mais fácil e farto a conteúdos de qualidade, a qualquer hora e em qualquer lugar, traz o desafio de ser capaz de filtrar o que de fato é relevante para nós e nos manter atualizados.

Ou seja, não dá mais para ficar parado, muito menos usar aquela boa e velha desculpa de que “a vida está muito corrida, e estou sem tempo para me dedicar e aprender algo novo”.


4 pilares do lifelong learning

Agora que você já conhece o que é o lifelong learning e porque ele nos faz rever conceitos, conheça seus 4 pilares.

1.Aprender a conhecer

 

O colaborador que tem a iniciativa de procurar entender e conhecer melhor os assuntos que envolvem suas atividades laborais consegue se desenvolver com mais facilidade no ambiente de trabalho.

2.Aprender a fazer

Segundo a pirâmide de aprendizagem de William Glasser, a taxa de retenção de aprendizagem do conhecimento quando colocado em prática é de 75%, enquanto a taxa de retenção de leitura é apenas de 10%.  Uma vez que se coloca em prática o que foi aprendido, a chance desse conhecimento se fixar se torna maior.

3.Aprender a conviver

De acordo com o escritor e palestrante motivacional americano Jim Rohn, você é a média das cinco pessoas que você mais convive. Logo, de forma involuntária, o indivíduo acaba aprendendo por convivência. Por isso é importante possuir, no ambiente de trabalho, um círculo de pessoas competentes e agradáveis.

4.Aprender a ser

Por fim, para se desenvolver com o lifelong learning, é necessário colocar em prática todos os outros pilares de forma espontânea. Quando a vontade de aprender estiver intrínseca ao indivíduo, nada irá barrar o seu crescimento profissional e intelectual.

 

Como ser um lifelong learner?

Para ser um lifelong learner é preciso desenvolver uma mentalidade de crescimento, que, fazendo um parêntese no nosso assunto principal, é outro conceito importante para quem atua como facilitador.

Ser um lifelong learner demanda que a gente assuma a responsabilidade por nossa própria trajetória de aprendizagem.

Carol Dweck, autora do livro “Mindset: a nova psicologia do sucesso”, defende que as crenças que adotamos a respeito de nós mesmos, sobre nossa capacidade de aprendizado e inteligência, afetam profundamente a maneira pela qual levamos nossas vidas. Em suas pesquisas, ela descobriu duas mentalidades principais: mentalidade fixa e de crescimento.

Cada uma possui um conjunto de crenças que afeta a forma como encaramos os desafios do dia a dia.

As pessoas com mentalidade fixa, acreditam que seus talentos e suas habilidades são inatos. Evitam se arriscar, pois não querem cometer erros. Quando fracassam, entendem que é porque não possuem competência para fazer. Acreditam também que o esforço não leva à mudança, muito menos à excelência.

Já as pessoas com o mindset de crescimento acreditam que suas habilidades podem ser desenvolvidas e aprimoradas. Acreditam que é possível se desenvolver por meio do seu próprio esforço e da prática contínua em busca da excelência.

Além disso, persistem diante dos desafios e, mesmo diante de um fracasso, buscam aprender com seus erros.

Embora o lifelong learning esteja na mão de cada pessoa, como facilitador, você tem um papel fundamental em ajudar as pessoas a perceber o valor do aprendizado e se tornar lifelong learners.

Você pode fazer isso estimulando que elas se mantenham atualizadas, curiosas, com a mente aberta, dispostas a aprender sempre.

 

Lifelong learning na prática


Segundo Conrado Schlochauer, autor do livro Lifelong Learners, uma parte importante do aprendizado ao longo da vida é a capacidade de estruturar os próprios projetos de aprendizagem.

Ele ensina no video abaixo a criar um modelo de canvas para auxiliar nesse processo. Com ele, você vai poder planejar suas iniciativas de aprendizagem, registrar suas fontes e avaliar seu progresso.

Porque o lifelong learning é cada vez mais importante na educação corporativa?

Bom, quantas vezes você já ouviu por aí que as máquinas e os robôs vão roubar nossos empregos? Essa conversa nem é de hoje também. Se voltarmos no tempo, veremos que, em todas as Revoluções Industriais, a tecnologia foi o pivô das grandes transformações nas indústrias e no mercado de trabalho.

E não seria diferente agora, não é mesmo?

A única coisa é que, agora, essas mudanças acontecem em uma velocidade intensa. Em poucas décadas, estamos vendo postos de trabalho e indústrias inteiras sendo transformados e até mesmo desaparecendo. Ao mesmo tempo, surgem empresas nativas digitais, com novos modelos de negócio, novas profissões, novas funções, e consequentemente, demandam novas formas de pensar e fazer o trabalho.

O avanço da digitalização vem mudando rapidamente as habilidades necessárias para lidar com os novos desafios do mercado de trabalho.

E com isso, é muito mais fácil ficarmos para trás. Mas a questão aqui não é se um robô vai ou não roubar o nosso emprego, mas sim o quanto estamos nos preparando para permanecer relevantes no mercado de trabalho para assumir novos papéis, novas funções e até mesmo novas profissões.

 

Qual o papel do RH na hora de incentivar o Lifelong Learning na empresa?

 

O aprendizado por toda a vida é um caminho de desenvolvimento pessoal, muito antes de ser uma ferramenta organizacional.
Contudo, nem todos os colaboradores percebem a importância de adotarem o Lifelong Learning. Por isso, cabe à empresa incentivar essa preparação dos colaboradores.

Aqui, o RH tem uma atuação estratégica. Primeiro, porque coloca em prática os conceitos de treinamento e desenvolvimento.
Além disso, também agrega valor por meio do incentivo à evolução das habilidades e a melhoria da experiência com as pessoas.

Então, o que fazer para implementar o Lifelong Learning no ambiente corporativo? A verdade é que não existe uma resposta única. O primeiro passo é entender que a educação corporativa é uma tarefa de longo prazo, que não tem data para acabar.
Nesse contexto, as principais etapas para implementar a cultura do aprendizado ao longo da vida na sua empresa são as que apresentamos em seguida.

 

7 dicas práticas para aplicar o lifelong learning na empresa

 


Aqui estão algumas dicas práticas para aplicar o lifelong learning na empresa:

1.Crie um programa de treinamento e desenvolvimento

Crie um programa estruturado de treinamento e desenvolvimento que incentive o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades. O programa deve incluir tanto treinamentos internos quanto externos, bem como oportunidades para os funcionários participarem de conferências e eventos do setor.

2.Crie uma biblioteca de recursos

Crie uma biblioteca de recursos que inclua livros, artigos, vídeos e outros materiais educacionais. Certifique-se de que esses recursos estejam disponíveis online e offline para que os funcionários possam acessá-los a qualquer momento.

3.Ofereça oportunidades de mentoria

Ofereça oportunidades de mentoria para os funcionários, em que eles possam aprender com profissionais experientes dentro e fora da empresa.

4.Estabeleça metas de desenvolvimento

Estabeleça metas de desenvolvimento para cada funcionário, que estejam alinhadas aos objetivos da empresa. Isso incentivará os funcionários a buscar constantemente novas habilidades e conhecimentos relevantes para sua função.

5.Incentive um novo mindset de colaboração e o compartilhamento

Incentive a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos entre os funcionários, seja por meio de grupos de discussão, fóruns online ou outras ferramentas de comunicação interna.

• incentive a sair do “já sei” para chegar ao patamar do “quero saber mais”;
• implemente a ideia do “e se fosse de outra forma?”. O propósito é evitar que os profissionais se acomodem e busquem a inovação de
forma constante;
• estimule a proposta do “eu ainda não sei”, em vez de simplesmente se fechar às oportunidades de aprendizado;
• busque uma postura de autonomia, que incentive o modo “vou aprender isso sozinho”;
• Incentive as trocas e os momentos informais para compartilhar conhecimento.

6.Use a tecnologia para facilitar o aprendizado

Use a tecnologia para tornar o aprendizado mais acessível e eficiente. Por exemplo, você pode utilizar plataformas de e-learning, webinars ou aplicativos para incentivar o aprendizado em qualquer lugar e a qualquer hora. Para isso, vale a pena utilizar uma empresa de soluções inteligentes para desenvolvimento de habilidades. Assim, é possível estabelecer um programa de treinamento online para empresas que incentive a educação formal aliada à informal.

7.Reconheça e recompense o aprendizado

Reconheça e recompense os funcionários que buscam continuamente o aprendizado e o desenvolvimento de novas habilidades. Isso pode ser feito por meio de promoções, aumentos salariais ou simplesmente reconhecimento público.

Lembre-se de que o lifelong learning é uma cultura que deve ser incentivada e nutrida na empresa. Com o tempo e o comprometimento, você poderá colher os benefícios de ter funcionários engajados, motivados e com habilidades atualizadas.